
Gustavo Sá concedeu uma entrevista ao Jornal O Jogo, publicada na edição desta sexta-feira, na qual o médio recorda os passos dados nos escalões de formação do Futebol Clube de Famalicão, tendo sido ‘espetador’ privilegiado da evolução ocorrida no nosso clube ao longo das últimas temporadas no que concerne às condições ao dispor da equipa principal e das camadas jovens. Depois de ter tido papel ativo fora das quatro linhas como apanha-bolas em jogos no Estádio Municipal de Famalicão, Gustavo Sá assume a felicidade por ser um exemplo para os miúdos que estão atualmente a dar os primeiros pontapés na bola na nossa formação e confessa manter-se completamente compenetrado mesmo estando constantemente sob a atenção da opinião pública.
Estamos perante um rapaz de 20 anos, já com 85 jogos no FC Famalicão. O que lhe dizem essas três épocas?
São três anos dos quais me orgulho bastante, num clube onde fiz toda a formação, passei diferentes escalões com pandemia pelo meio. Foi o FC Famalicão que me ajudou a evoluir e chegar à equipa principal. Foi um sonho quando aconteceu e a realização veio com essa continuidade, com o passar de promessa a certeza e com o facto de já fazer parte dos capitães.
Como se blinda o Gustavo Sá do deslumbramento, que ataca tantos jovens promissores?
Antes de pensar como jogador, penso como ser humano, gosto de ter os pés bem assentes na terra, saber que não sou o melhor do Mundo nem o melhor jovem da nossa liga. Por aí posso diferenciar-me de outros, tento ser na minha vida uma pessoa normal, mais que um jogador.
Ainda conviveu como o rótulo de candidato a Golden Boy. Isso fez crescer admiração e visibilidade, sem perda de foco?
Foi algo normal para um rapaz de 18 ou 19 anos a jogar numa das principais ligas europeias como titular. A fazer golos e assistências. Mas vejo ali nomes que não se comparam, que me fazem parecer apenas o menino de Famalicão. Foi um orgulho estar entre grandes nomes, mas tenho muito caminho a andar e muito a conquistar.
Pelo sucesso na primeira equipa, sendo tão jovem entre jogadores vindos de fora, sentia-se a bandeira do clube?
Qualquer miúdo que sai hoje da formação do FC Famalicão sabe que pode singrar. Não me considero uma bandeira, tenho grandes jogadores a meu lado, que fizeram uma época muito boa. Sendo um miúdo que veio da formação, compreendo essas palavras, mas é apenas uma prova que é possível chegar onde queremos, passar de promessa a certeza e ser capitão. É só acreditar num clube que está a desenvolver, tu também te desenvolves.
Sinto que dei alguma coisa. Seja aos adeptos, às pessoas da cidade, mas, sobretudo, aos miúdos da formação. Quando se joga na formação do FC Famalicão tende-se a achar que é difícil chegar longe. A mensagem que deixo é que têm um clube em condições, que oferece todas as ferramentas para chegarem ao nível alto, ao qual cheguei! Do clube vão ter tudo, eu sou o exemplo pelo que evoluí e cresci.
Queria estrear-me e desenvolver-me aqui, estar na primeira equipa com jogadores mais velhos que me ajudassem. Vi o crescimento do clube, por dentro, de perdermos 5-0 com os grandes nos sub-15 a ganharmos por 7-1 aos mesmos clubes nos sub-19. Isso mostra desenvolvimento do clube e dos atletas.
Que impressão tinha do clube quando estava na formação e já via as grandes vendas de Pote, Ugarte, Toni Martínez e outros?
Esses jogadores eram um exemplo, até porque era apanha-bolas do FC Famalicão e gostava do Pote, Diogo Gonçalves, do Toni Martínez. Vi-os perto, no estádio. Foi interessante tornarem-se adversários mais tarde.
Olhando para o que tem sido a sua evolução, já se faz sentir como um líder dentro do balneário do FC Famalicão? Ou ainda é introvertido?
Vão sendo etapas diferentes desde que cheguei. Com 17 anos olhava e tinha jogadores mais velhos, de grande nome. Agora sou mais extrovertido, já sou capitão e tento manter uma certa postura. Falar bem inglês e também me safar em francês ajuda-me muito. Falo várias línguas no balneário e, assim, falo com toda a gente, pois quero o melhor de todos.